Introdução
Olá, queridos alunos. Neste vídeo falarei sobre o ESP32-S3, que é a evolução natural da família ESP32, trazendo novas funcionalidades, melhorias de performance e mais recursos para aplicações que exigem conectividade, processamento gráfico e inteligência artificial embarcada.
Muitos desenvolvedores conhecem a pinagem do ESP32 “clássico”, mas poucas referências detalham o ESP32-S3. A compreensão correta dos GPIOs, suas restrições e suas possibilidades de uso é fundamental para evitar erros em protótipos e projetos finais.
Neste artigo, vamos detalhar a pinagem do ESP32-S3, explicar diferenças em relação às versões anteriores, mostrar exemplos práticos e dar diretrizes seguras para utilizar os pinos em aplicações reais.
Formas de se adquirir o ESP32-S3
1. Chip puro (SoC no encapsulamento)
2. Módulo (ESP32-S3-WROOM/WROVER)
3. DevKit (ESP32-S3-DevKitC-1)
Diferenças entre placas originais e genéricas
-
Apenas a Espressif fabrica o chip ESP32-S3 – não existem clones do silício.
-
As diferenças entre placas estão nos fabricantes que montam o DevKit.
-
Mesmo quando não é comprado direto da Espressif, a pinagem geralmente segue o padrão do DevKitC-1.
Testando GPIOs com placa auxiliar
Para verificar a pinagem na prática, podemos usar placas auxiliares de teste, que possuem LEDs conectados a cada GPIO.
-
O LED é conectado através de inversor + resistor, evitando consumo direto do pino.
-
Isso permite testar GPIOs de forma segura, sem risco de sobrecarga.
Exemplo de teste sequencial:
-
29 GPIOs foram configurados como saída.
-
O código acende cada LED em sequência, confirmando sua disponibilidade.
Importância da pinagem no desenvolvimento
Com o ESP32-S3, os pinos não são apenas “entradas e saídas digitais”:
-
Muitos estão conectados a periféricos internos (memória flash, USB, JTAG, etc.).
-
Alguns são bootstrap pins, usados no processo de boot.
-
Outros podem ser usados, mas exigem cuidado especial.
Saber essas diferenças garante que seu projeto inicialize corretamente e não sofra travamentos inesperados.
Tabela prática de pinagem
O ESP32-S3-DevKitC-1 possui 44 pinos.
-
Pinos seguros: podem ser usados sem restrição (GPIOs 3–14, 17–18, 21, 37–42, 45, 47–48).
-
Pinos com restrição: devem ser usados com cuidado (GPIO2, 15, 16, 35, 36).
-
Pinos comprometidos: já estão reservados para USB, memória ou boot (GPIO0, 19, 20, 46).
Restrições importantes
-
Bootstrap pins (GPIO0, 2, 15, 16)
-
Controlam o modo de boot.
-
Uso incorreto pode travar a inicialização.
-
-
ADC2
-
Não deve ser usado quando o Wi-Fi estiver ativo.
-
Para leituras confiáveis, prefira ADC1.
-
-
GPIO19 e GPIO20 (USB D− e D+)
-
Usados para USB nativo.
-
Não devem ser reutilizados como GPIO se USB estiver em uso.
-
-
GPIO38/48 (LED RGB onboard)
-
Ligados ao LED endereçável.
-
Podem ser usados como GPIO normal, mas o LED não acenderá em nível lógico simples.
-
Interfaces de comunicação
UART
-
3 controladores independentes.
-
UART0 → conectada ao conversor USB-Serial (GPIO43/44).
-
UART1 e UART2 → podem ser mapeadas para GPIOs seguros via matriz IO MUX.
I²C
-
Flexível: pode ser configurada em vários GPIOs.
-
Pinos recomendados (sem conflito): GPIO8–15 e 33–42.
SPI
-
SPI0 e SPI1 → reservados para memória flash.
-
SPI2 (HSPI) e SPI3 (VSPI) → disponíveis para periféricos.
-
Sugestão de mapeamento seguro:
-
MOSI → GPIO11
-
MISO → GPIO13
-
SCLK → GPIO12
-
CS → GPIO10
-
I²S (áudio digital)
-
Permite saída de áudio estéreo digital.
-
Exemplo de mapeamento:
-
BCK → GPIO4
-
DIN → GPIO5
-
LCK → GPIO6
-
Expansores e boas práticas
Em projetos complexos:
-
Use expansores de porta (MCP23017 – I²C).
-
Use expansores de PWM (PCA9685 – I²C) para controle de múltiplos servos.
-
Para ADC de alta precisão, use chips como ADS1115 (I²C, 16 bits).
Displays com ESP32-S3
O ESP32-S3 é ideal para aplicações gráficas. Hoje o custo dos displays caiu muito, permitindo uso em IoT, automação e painéis interativos.
Tipos de display
-
TFT (mais antigos)
-
IPS (melhor ângulo de visão e cores vivas)
-
Com ou sem touch (resistivo/capacitivo).
Interfaces
-
LCD pode se comunicar via SPI (mais barato, mas lento) ou paralelo (mais rápido, mas consome mais GPIOs).
-
O touch pode usar I²C ou SPI, dependendo do controlador.
Exemplos
-
Display 3,5” SPI (480×320)
-
Display 7” ou 10” paralelo com resolução 800×480 ou superior
-
Controladores comuns: ILI9488 (LCD) e FT6236 (Touch capacitivo)
Considerações finais
O ESP32-S3 é um microcontrolador extremamente poderoso, mas exige planejamento no uso da pinagem.
-
Conhecer quais pinos são seguros evita problemas de boot.
-
Saber as restrições (ADC2, USB, memória flash) garante confiabilidade.
-
Utilizar expansores e boas práticas permite criar projetos robustos e escaláveis.
Nos próximos vídeos, entraremos em detalhes sobre interfaces gráficas com displays touch, usando técnicas e bibliotecas que aceleram o desenvolvimento sem sobrecarregar a CPU do ESP32-S3.
0 Comentários