Reflexões sobre a IA, o trabalho e a educação
A inteligência artificial aplicada ao desenvolvimento de software administrativo para escolas já mostrou o quanto pode fazer diferença. No entanto, é inegável que seu impacto varia de empresa para empresa — tudo depende do ramo de atuação e, sobretudo, do perfil de liderança.
Ter uma base acadêmica sólida, como engenharia ou ciência da computação, ainda faz muita diferença. Pessoalmente, prefiro ter a IA como aliada do que trabalhar sozinho. E não há como ignorar que essa tecnologia está se expandindo em uma velocidade impressionante.
Não me iludo: em vinte anos, todos nós poderemos ser considerados inúteis para muitas funções. Até lá, temos uma janela para aproveitar as oportunidades que a IA nos oferece. Ao longo de 25 anos, constatei que a educação, infelizmente, ainda não consegue tirar pleno proveito da tecnologia.
É preciso entender que há uma separação clara entre quem projeta os chips, sistemas operacionais e compiladores — os engenheiros de base — e aqueles que escrevem programas administrativos, localizados na base da pirâmide de dificuldade.
A verdade é dura: a IA eliminará milhões de empregos. A TI e a internet já trouxeram ondas de automação que extinguiram funções, mas agora o impacto será ainda mais agressivo. Por isso, penso sempre em subir na pirâmide, nunca descer. Na base, muita gente ganha bem, mas serão os primeiros a serem substituídos.
A IA é, sem dúvida, uma revolução muito maior que a internet — e digo isso com a autoridade de quem viveu aquela época. Ainda estamos apenas no início dessa mudança. É inevitável que, nos próximos anos, a IA precise migrar para as bordas da IoT, para lidar com exigências de baixa latência.
Neste momento, a IA ajuda mais quem já sabe mais — e muito menos quem sabe pouco. É triste perceber que as novas gerações têm baixa resiliência. Muitos usarão a IA para plagiar, não para aprender de fato.
Além disso, observo que a maioria dos professores de educação básica não demonstram grande interesse por novidades. Aprender exige disciplina, medo e necessidade. Foi o que ouvi de um neurocientista, e concordo plenamente. Uma família estruturada precisa estar no comando dessa criança ou jovem, pois, sem isso, o futuro dela será frustrante — e sempre haverá alguém mandando nela.
Enquanto ainda somos úteis, devemos aproveitar o máximo da IA. No entanto, acredito que a maior parte das pessoas se tornará apenas massa de manobra de uma super elite que concentrará riqueza e poder como nunca se viu.
Sou grato a Deus por ter estudado em uma época em que a tecnologia não estava tão avançada. Sinto-me privilegiado por ter tido uma educação austera: no ginásio, o professor era uma autoridade, e o medo de decepcionar meu pai me mantinha focado. Havia poucas distrações. Quando terminei a faculdade, a internet ainda não existia no Brasil.
Por isso, sinto-me um ex-combatente do Vietnã: alguém capaz de suportar uma boa dose de sofrimento e ainda permanecer de pé.
0 Comentários